Caminho da Inovação 2020 em resumo
A edição de 2020 do “Caminho da Inovação” decorreu no formato online, de 22 a 24 de setembro, contando com mais de 500 inscritos. Este webinar promovido pela Águas do Tejo Atlântico teve como objetivo debater a inovação do setor da água e o seu futuro, partilhar conhecimento e apresentar case-studies inovadores.
O primeiro dia deste evento, dia 22 de setembro, foi dedicado ao tema das “Cidades Sustentáveis”. A abertura deste painel contou com a participação de José Sá Fernandes, vereador da Câmara Municipal de Lisboa, com o compromisso de Lisboa como capital verde europeia, referindo que existe um enorme empenho em implementar a reutilização da água residual tratada para rega e lavagens de ruas, e João Pedro Matos Fernandes, Ministro do Ambiente e da Ação Climática, que reforçou a necessidade da inovação no sector da água se focar no nexus água-energia, tomando como exemplo o Grupo AdP em atingir a neutralidade energética e carbónica em 2030.
Xavier Romero Hidalgo, biólogo e responsável técnico de ambiente na Câmara Municipal de Granollers (Barcelona), apresentou a solução implementada pelo município para combater a escassez de água e as consequências da seca e Sandy Scott-Roberts, gestora do programa sistema de recarga aquíferos na Orange County, apresentou o caso numa estação de reutilização para água potável e dos desafios para o população aceitar este projeto.
A última apresentação deste painel coube a Graham Colclough, partner da UrbanDNA, que focou que a inovação necessita de ser estruturada e que a transformação digital pode ser um relevante contributo para a eficiência dos processos.
O segundo dia do “Caminho da Inovação” foi dedicado ao tema “Águas residuais em tempo de pandemia” iniciado com uma intervenção de Marta Carvalho, coordenadora de inovação corporativa da AdP, que abordou o projeto COVIDETECT, um sistema de alerta precoce do vírus SARS-CoV-2 em águas residuais.
Pedro Simas, investigador no Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, falou genericamente sobre o vírus SARS-CoV-2 e Goreti Sales, Professora Associada na Universidade de Coimbra, expôs a solução de deteção de coronavírus expedita, através de biossensores óticos/eletroquímicos, o projeto Eco2Covid.
Bilge Kocamemi, Professora Associada da Universidade de Marmara em Istambul, apresentou a monitorização de SARS-CoV-2 em águas residuais e lamas na Turquia, evidenciando que o vírus se encontra mais concentrado na cidade de Istambul.
O Caminho da Inovação 2020 terminou no dia 24 com a entrega dos prémios “Desafios à Inovação 2020” e um painel dedicado à economia circular “eCircular”.
O projeto vencedor foi "Capas 5 R’S da sustentabilidade e do ambiente ”, de Pedro Almeida, Bruno Louro, Jorge Antunes, Jorge Lino, José Carlos Gomes, Manuel Castelo, Paulo Jesus, Paulo Rodrigues, Pedro Gregório e Sérgio Ribeiro (Águas do Tejo Atlântico), o segundo prémio foi atribuído ao projeto “ReLife – More Life to Energy” de Márcio Pedrosa, Nuno Lourenço, Jorge Almeida, Isilda Tomás (Águas do Tejo Atlântico) e o terceiro prémio ao projeto “Otimização de filtros inteligentes para a recolha de hidrocarbonetos em águas oleosas”, de Ana Catarina Trindade, Ludgero Marques e João Canejo (CENIMAT|i3N da FCT NOVA).
No painel “eCircular”, Joaquim Pedro Torres, diretor geral da Valinveste, apresentou-nos o contexto atual da aplicação de lamas de Fábricas de Água na agricultura, especificamente na produção de cereais, que contribui para a melhoria dos solos portugueses, sem custo para os agricultores.
António Torres, da Moinhos Água e Ambiente, falou dos diversos projetos de reutilização com a Águas do Tejo Atlântico, nomeadamente na produção de cerveja, e António Carriço, CEO da Cervilinx, recordou o desafio lançado pela Águas do Tejo Atlântico para a produção de dois tipos de cerveja a partir de água residual tratada.
22 de setembro, das 9h30 às 10h45 – Painel “Cidades Sustentáveis”
Moderador: Marcos Batista, Águas do Tejo Atlântico
Ana Silveira, Presidente da Águas do Tejo Atlântico
Resumo:
Na sessão de abertura do Caminho da Inovação 2020, a Presidente da Águas do Tejo Atlântico Ana Silveira realçou a importância da circularidade na sustentabilidade do planeta e como a água tem um papel decisivo na criação de cidades sustentáveis. Como tal, inovação no sector é fundamental e resulta de partilha de conhecimento e duma aproximação com empresas, start-ups e comunidade científica.
José Sá Fernandes, Vereador da Câmara de Lisboa
Resumo:
José Sá Fernandes, vereador da CML, trouxe-nos o compromisso de Lisboa como capital verde europeia, onde a componente da água tem um papel fundamental. Referiu que existe um enorme empenho em melhorar a qualidade da água do rio Tejo e implementar a reutilização da água residual tratada para rega e lavagens de ruas. Concluiu com quais devem ser os pilares da inovação na cidade de Lisboa: a reutilização de água residual tratada; a energia renovável, maioritariamente solar, para o abastecimento de água e saneamento; e as lamas provenientes das Fábricas de Água tornarem-se definitivamente um recurso.
João Pedro Matos Fernandes, Ministro do Ambiente e Ação Climática
Xavier Romero Hidalgo, Biólogo e técnico de ambiente na Câmara Municipal de Granollers, Barcelona
Resumo:
Xavier Romero Hidalgo apresentou a solução implementada pelo município de Granollers (Barcelona) para combater a escassez de água e as consequências da seca. Foram implementadas medidas de reutilização de água, nomeadamente a construção de zonas húmidas para melhoria da biodiversidade do local e reutilização ao nível urbano. Por último, foram discutidos futuros planos de expansão para o nível agrícola e industrial.
Sandy Scott-Roberts, Gestora do Programa Sistema de Recarga de Aquíferos na entidade gestora de Orange County
Resumo:
Sandy Scott-Roberts, trouxe-nos o caso de Orange County na Califórnia, região com elevada escassez de água e que importa água potável de outras regiões. Desta necessidade surgiu o investimento numa estação de reutilização para água potável, com produção de 378 milhões de L/dia, que recorre a microfiltração, osmose inversa e desinfeção UV para obter água com qualidade para consumo humano. Um dos grandes desafios à implementação deste projeto foi a aceitação por parte do público que, apesar da pressão para apenas existir o consumo de água proveniente de fontes potáveis, foi possível através de ações de educação envolvendo os diversos stakeholders, da demonstração da qualidade da água mediante diversos testes e do controlo apertado do sistema aceite pelas entidades reguladoras.
Graham Colclough, Partner da UrbanDNA
Resumo:
Graham Colclough, responsável pela última apresentação do primeiro dia do Caminho da Inovação 2020, trouxe-nos uma visão sobre como estimular a inovação nos sistemas urbanos. Para Graham, a inovação necessita de ser estruturada, salientando que a transformação digital pode ser um relevante contributo para a eficiência dos processos, contudo esta transformação obriga a uma posterior dependência de outros serviços. Para a implementação de inovação num sistema urbano, Graham apresentou um enquadramento holístico e referiu ainda algumas barreiras existentes no processo de inovação que devem ser ultrapassadas.
23 de setembro, das 9h30 às 10h30 – Painel “Águas residuais em tempo de pandemia”
Moderadora: Rita Alves, Águas do Tejo Atlântico
Marta Carvalho, Coordenadora da área de inovação corporativa da AdP, na Águas de Portugal Serviços Ambientais
Tema: COVIDETECT, Sistema de alerta precoce do vírus SARS-CoV-2 em águas residuais 
Resumo:
Marta Carvalho, responsável de inovação corporativa do Grupo AdP, apresentou a abordagem para desenvolvimento do sistema de alerta precoce do vírus SARS-CoV-2 em águas residuais. O projeto COVIDETECT foca-se na monitorização do vírus em águas residuais hospitalares e domésticas dos maiores centros populacionais de Portugal. Paralelamente, neste projeto estão a ser concebidos modelos epidemiológicos de previsão do número de infetados com vista ao alerta das entidades de saúde pública.
Pedro Simas, Investigador no Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes e Virologista na Faculdade de Medicina de Lisboa e Universidade Católica Portuguesa
Tema: Coronavírus e águas residuais
Resumo:
Pedro Simas, virologista e investigador no Instituto de Medicina Molecular, apresentou uma explicação abrangente acerca do vírus SARS-CoV-2 e o aparecimento de pandemias através de vírus provenientes de outras espécies. Por fim, foi discutida a dificuldade em atingir imunidade de grupo através de infeção natural e que, enquanto as potenciais vacinas se encontram em desenvolvimento, devemos proteger os grupos de maior risco para mitigar os efeitos da pandemia.
Goreti Sales, Professora Associada no Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Ciências de Tecnologia da Universidade de Coimbra e coordenadora do grupo de investigação BioMark sensor research/UC
Resumo:
Goreti Sales, Professora Associada na Universidade de Coimbra, expôs a solução de deteção de coronavírus expedita e in situ através de biossensores óticos/eletroquímicos. O projeto Eco2Covid pretende conceber sensores de baixo custo, construídos com base em materiais biodegradáveis, para realizar a monitorização do vírus. Este projeto pretende ainda desenvolver uma plataforma integradora dos resultados das campanhas de amostragem, das diferentes técnicas de concentração e deteção do vírus e dos dados epidemiológicos disponibilizados pelas autoridades de saúde pública.
Bilge Alpaslan Kocamemi, Professora associada do Departamento de Engenharia do Ambiente da Universidade de Marmara em Istanbul, Turquia
Tema: Monitorização de SARS-CoV-2 nas águas residuais e lamas de ETAR na Turquia
Resumo:
Bilge Kocamemi, Professora Associada da Universidade de Marmara em Istambul, trouxe-nos o caso de estudo de monitorização de SARS-CoV-2 em águas residuais e lamas na Turquia. As 476 amostras de afluente, efluente e lamas de ETAR recolhidas de 81 cidades mostraram que o vírus se encontra mais concentrado na cidade de Istambul. Adicionalmente, foi testado se o vírus presente nas diferentes matrizes ainda se encontrava ativo. Por fim, contam desenvolver biossensores e metodologias de concentração de vírus para monitorização de futuras pandemias.
24 de setembro, das 17h00 às 17h30 – Painel “Desafios”
Moderadora: Ana Silveira, Presidente da Águas do Tejo Atlântico
Otimização de filtros inteligentes para a recolha de hidrocarbonetos em águas oleosas - 3º prémio
Equipa: Ana Catarina Trindade, Ludgero Marques e João Canejo (CENIMAT|i3N da FCT NOVA)
Resumo:
O 3º prémio do desafio à inovação 2020 foi atribuído ao projeto “Otimização de filtros inteligentes para a recolha de hidrocarbonetos em águas oleosas”. Este projeto apresenta uma solução para a remoção das grandes quantidades de óleos e gorduras que existem nas águas residuais e não são removidas nas Fábricas de água. A solução é baseada em membranas não-tecidas produzidas à base de celulose, sendo economicamente viáveis, biocompatíveis e biodegradáveis. Deste projeto resultará uma melhor qualidade de águas residuais e uma potencial valorização dos hidrocarbonetos recolhidos através de produção de biodiesel.
ReLife – More Life to Energy - 2º prémio
Equipa: Márcio Pedrosa, Nuno Lourenço, Jorge Almeida, Isilda Tomás (Águas do Tejo Atlântico)
Resumo:
O 2º prémio foi atribuído ao projeto “ReLife – More Life to Energy”. Este projeto propõe atingir o consumo neutro de energia numa instalação. A candidatura escolheu a FA da Charneca e todos os edifícios do recinto, mas esta solução pode ser replicada nas restantes instalações da Tejo Atlântico. A solução tem como fonte principal a energia solar, através da instalação de painéis fotovoltaicos e a utilização de baterias de carros usadas para armazenamento, providenciando uma segunda vida a essas baterias valorizando-as.
Capas 5 R’S da sustentabilidade e do ambiente - 1º prémio
Equipa: Pedro Almeida, Bruno Louro, Jorge Antunes, Jorge Lino, José Carlos Gomes, Manuel Castelo,
Paulo Jesus, Paulo Rodrigues, Pedro Gregório e Sérgio Ribeiro (Águas do Tejo Atlântico)
Resumo:
O projeto vencedor do 1º prémio foi " Capas 5 R’S da sustentabilidade e do ambiente ”. Este projeto visa a proteção dos preparadores de polieletrólito através da utilização de uma capa, construída a partir dos sacos de plástico usados do polieletrólito. A capa é composta por cerca de 20 sacos, em que estes são cortados, estendidos e unificados. Desta solução resulta a utilização de um resíduo e a sua transformação num produto que permite uma melhoria na gestão operacional, reduzindo o tempo de limpeza dos preparadores de polieletrólito, e na segurança ao manuseá-los.
24 de setembro, das 17h30 às 18h30 – Painel “eCircular”
Moderador: Hugo Pereira, Vice-presidente da Águas do Tejo Atlântico
Joaquim Pedro Torres, diretor geral da Valinveste
Tema: Aplicação de lamas na agricultura
Resumo:
Joaquim Pedro Torres, diretor geral da Valinveste, apresentou-nos o contexto atual da aplicação de lamas de Fábricas de Água na agricultura, especificamente na produção de cereais. Tendo em conta o aumento progressivo de população levar a um aumento da necessidade de produção agrícola mundial, a aplicação deste recurso torna-se essencial para a sustentabilidade do setor. Além das lamas poderem contribuir substancialmente para a melhoria dos solos portugueses (pobres em matéria orgânica e minerais), permitem diminuir o consumo de fertilizantes sintéticos sem custo para os agricultores e sem consequências para as colheitas.
António Torres, Moinhos Água e Ambiente
Tema: Reutilização de águas residuais - produção de água com fins compatíveis com água potável
Resumo:
António Torres, da Moinhos, Água e Ambiente, apresentou-nos os diversos projetos de reutilização que têm com a Águas do Tejo Atlântico, nomeadamente a produção de água com fins compatíveis com água potável. Através de ozonização avançada e osmose inversa, as moléculas que escapam ao tratamento convencional são degradadas e removidas, fornecendo uma água com qualidade compatível com água potável que posteriormente foi usada na produção de cerveja. Outras instalações piloto estão planeadas para a FA de Alcântara e Beirolas para a reutilização de água residual em lavagens de rua e rega de espaços verdes, respetivamente.
António Carriço, Lince
Tema: A experiência de produção de cerveja com água residual tratada
Resumo:
António Carriço, CEO da Cervilinx, recordou o desafio lançado pela Águas do Tejo Atlântico para a produção de dois tipos de cerveja a partir de água residual tratada - uma blonde ale e uma american IPA. Embora não tenha sido alterado o processo de fabrico da cerveja, a garantia das condições de higiene e o controlo analítico da água residual tratada foram fundamentais para garantir a segurança e o sabor do produto final. Em geral, foi uma experiência bem-sucedida e bem aceite na comunidade cervejeira.
