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AFLUÊNCIAS INDEVIDAS - A problemática das Entradas de Maré

Por Conceição David, Responsável de Área – Direção de Gestão de Ativos - Águas do Tejo Atlântico

Os desafios de uma entidade gestora, no que se refere a uma gestão de redes, não se limita a garantir a recolha e transporte de águas residuais, passa muito por um controlo de caudais, principalmente os indevidos. Estes “intrusos” podem comprometer a recolha e transporte do caudal “devido” podendo mesmo levar a situações de descargas não controladas para o meio recetor.

 

São vários os “intrusos” que tentam ocupar espaço na nossa rede de coletores, mas há um que podemos dizer que varia com a Lua! Estamos a falar da maré!

 

As entradas de maré nos nossos sistemas não só provocam uma ocupação excessiva na rede de coletores com consequência ao nível do aumento dos custos energéticos de bombagem, bem como entradas significativas de cloretos (provenientes do sal existente na água) no sistema de drenagem. Estes cloretos podem comprometer o eficiente tratamento nas Fábricas da Água, a reutilização de água e provocam uma degradação acelerada de equipamentos e infraestruturas.

 

A Tejo Atlântico tem travado uma luta contra as entradas de maré na zona ribeirinha, onde os pontos de descarga no meio recetor são a entrada privilegiada para estes “indevidos”. Casos como o subsistema de Alcântara ou São João da Talha têm sido um desafio constante.

 

O controlo de caudais de maré não é dos mais simples, uma vez que estamos dependentes da ocorrência de marés altas e em simultâneo sem a ocorrência de precipitação, para conseguirmos detetar estas entradas. Estamos a falar de 2 ou 3 dias por mês, e não são todos os meses. Mas a Área de Gestão de Redes não está sozinha nesta luta, tem sempre como parceira nestas batalhas a Direção de Operação, nomeadamente a Área de Rede.

 

Há uma primeira fase de deteção dos pontos de entradas de maré onde usamos métodos como a inspeção visual e CCTV, a monitorização de caudais e níveis de maré e testes de condutividade. Estes último são extremamente importantes para garantirmos que estamos a falar de maré. Por norma, uma água residual doméstica andará entre os 1.000 a 4.000 µS/cm de condutividade, se houver entrada de maré poderá disparar para valores próximos dos 50.000 µS/cm (condutividade da água do mar).

 

Depois passamos à fase de resolver os problemas (o nosso objetivo!). Muitas vezes as soluções são simples, passando por exemplo, por colocação de válvulas de maré. Outras vezes não são tão simples e carecem de estudos mais aprofundados por forma a eliminarmos o risco da solução escolhida provocar inundações. O subsistema de Alcântara é um destes casos “sensíveis” a nível de soluções, uma vez que por si só já sofre frequentemente de problemas de inundação. Nestas soluções que carecem de mais estudo temos frequentemente o apoio do Departamento de Projeto da Direção de Engenharia e Direção de Manutenção.

 

A terceira fase é de monitorização destas correções e o papel dos Sistemas de Informação é de extrema importância. Com base no AQUASAFE, temos vindo a desenvolver um sistema de monitorização para controlo de caudais que nos permite ainda em gabinete, com base no registo de sondas de condutividade e níveis de maré, detetar a existência de maré nos nossos sistema. Por outro lado, as equipas da Área de Rede têm rotinas de inspeção que permitem a verificação periódica do bom funcionamento das soluções de controlo instaladas, como as válvulas de maré e descarregadores.

 

É um trabalho que pode ser tão gratificante como frustrante. Quando pensamos que finalmente encontrámos aquela última entrada de maré que nos deu tanta luta (sim, aquela tinha de ser a última!), afinal… ainda está a entrar por outro lado qualquer…

 

Mas só vamos descansar quando as controlarmos a todas.